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João Pega
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Diária

Mortágua Vila Natal


tags: Mauro Tomaz Categorias: Opinião quinta, 09 janeiro 2020

Passados os Reis, encerram-se de vez as festas e (re)começa-se a trabalhar assim a sério, que já é tempo disso. Janeiro começou lindo, com o gelado esplendor do sol de inverno que nos arrefece as preocupações enquanto nos aquece o entusiasmo relativamente a tudo de bom que ainda há-de vir. O importante é permanecer optimista, com pensamento positivo, o que já é uma enorme ajuda… o resto, vai-se resolvendo. Sem grandes alarmes nem más surpresas, a vida é um espectáculo maravilhoso que pode e deve ser desfrutado aos bocadinhos, com toda a tranquilidade e alegria. É com alguma pena que chega a hora de arrumar os enfeites, pois o Natal do ano que agora acabou de passar foi simplesmente o melhor de sempre. Não há nada no mundo como uma criança por nós gerada a encher de alegria todos os cantos da casa. Descobri-o apenas agora e percebi que essa sim, é que é a verdadeira magia da quadra natalícia. O brilho nos olhos das crianças e o júbilo das luzes e das melodias próprias da época. Agora é que tudo vale e continuará sempre a valer a pena. Mesmo!

Fazendo um balanço das últimas semanas em Mortágua, posso em boa verdade afirmar que a celebração das festividades foi diferente do que se tem visto nos anos anteriores. A Vila Natal foi uma iniciativa refrescante cuja ideia deve ser publicamente louvada e cuidadosamente apreciada, no sentido de ver criticada com sentido edificante tudo o que correu bem, mas também tudo o que podia ter sido melhor. Sempre com o objectivo de contribuir, sempre com o desígnio de melhorar. Uma proactiva participação cívica a nível local assim o exige, pelo que todas as opiniões são bem-vindas. Começo por dar os parabéns a quem sentiu a determinação de querer fazer mais, e acima de tudo de querer fazer diferente. O período das festas é muito importante para a boa harmonia pessoal e colectiva, pelo que defendo a aposta realizada e até inclusivamente o seu reforço nas edições que estou em crer que se seguirão, com elevado grau de certeza.  Entre os aspectos mais positivos destaco a colaboração de uma franja considerável da população no arranjo dos espaços e no preparo das actividades, sobretudo a não-activa, o que é sempre de realçar, sendo que os comerciantes também foram uns aliados importantes. A tentativa de reaproveitamento de alguns espaços inutilizados foi (é e continuará a ser) pertinente, numa perspectiva de busca contínua da revitalização de uma zona histórica da Vila que infelizmente continua distante daquilo que os Mortaguenses ali desejariam ver. A integração no certame das actividades de Natal do Agrupamento de Escolas e do CAO da Santa Casa da Misericórdia é outra iniciativa feliz, que merece o meu aplauso incondicional, até pela aproximação aos cidadãos que por ela é beneficiada. No entanto, nem tudo foi ideal. Longe disso. Começo pelo absoluto contrassenso de um Natal que se pretendia ecológico, mas que começa desde logo com uma largada de balões. A decoração em si, claramente inspirada na mítica Aldeia da Cabeça (cujo ambiente e meio envolvente tem poucas ou nenhumas parecenças com a Vila de Mortágua) gerou bastantes opiniões negativas, dado que toda a vegetação utilizada para esse efeito rapidamente ficou com um aspecto seco, descolorido e inanimado, quando o Natal deverá ser cor, alegria e vida. A distribuição das actividades previstas no programa de uma iniciativa com agenda para um mês inteiro foi manifestamente infeliz, dado que a impressão que ficou foi de que tudo terminou a meio. Após o dia 24, foram imensas as visitas frustradas, dado que não havia ali absolutamente nada para fazer. Um erro crasso.  Na minha opinião, a contratação de um programa de TV também não se justifica, pela sua recorrência na nossa terra, pelo seu custo excessivo e pela sua substância duvidosa, que me parece garantir um alcance apenas simpático. A tenda que foi montada para esse efeito podia ter sido mantida durante o mês inteiro, abrigando as atracções para as crianças, que deveriam também ter ficado disponíveis durante esse tempo, além de que faria todo o sentido que fossem gratuitas. Por outro lado, a aposta num programa para a passagem de ano seria, na minha opinião, de grande relevância. Apesar de esta ou de aquela conclusão que se foi tirando com o tempo, não se pode pura e simplesmente não fazer nada. Fogo de artifício? Jamais! O custo é elevadíssimo e o consequente impacto ambiental é no mínimo criminoso, principalmente em relação à fauna. Defendo a sua total erradicação. Um bom concerto de uma banda apelativa com entrada gratuita convidaria a presença de muitas pessoas, com toda a certeza. Com um espaço de comes e bebes à altura, o que parecendo que não também é sempre muito importante, estou em crer que seria uma aposta de grande sucesso, que juntaria imensa gente. Fica a sugestão para outras edições.

Concluo afirmando que a Mortágua Vila Natal foi uma excelente iniciativa, com algumas debilidades naturais, dado que se tratou do ano zero. No geral pareceu-me ter pouca substância para tantas expectativas criadas. No entanto, o caminho certo é o de melhorar. Sempre!