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Chalet Suisso – Pampilhosa | Opinião


tags: Alice Godinho Rodrigues Categorias: Opinião terça, 01 fevereiro 2022

Hoje os edifícios históricos provocam aos mais desinteressados mortais sentimentos diversos. A história e o desinteresse podem ser fatais para os edifícios que nos são queridos. Referimo-nos a um dos edifícios mais emblemáticos da Pampilhosa e talvez do Concelho da Mealhada, indubitavelmente ligado à linha do caminho de ferro.

As estações são lugares para o Público como uma personificação do caminho de ferro. É por lá que se parte e que se chega, que se encontram amigos, que se criam esperanças e desilusões. É o cenário de uma vida que se ganha ou que se perde. Inicialmente a estação da Pampilhosa era constituída por um armazém de mercadorias, uma cocheira para carruagens, outra para as locomotivas e todos os acessórios indispensáveis ao serviço do material e de tração. Ao redor dos edifícios havia cais para passageiros e cais descobertos para mercadorias. Na estação existia também um restaurante a cargo de um pasteleiro suíço, Paul Bergamin, que após a inauguração da Linha da Beira Alta se fixou definitivamente na Pampilhosa e que mandou construir em 1886 um chalet (Chalet Suisso), utilizado como hospedaria e rodeado por outras construções de apoio: telégrafo, padaria, armazéns, garagem e cocheira privativa que fazia com as suas charretes a ligação dos hóspedes para o Buçaco. Possuía também um notável jardim que o envolvia.

Inicialmente destinado a albergar os viajantes mais abastados, foi também utilizado pela realeza para pernoitar. O quarto número 11 possuía uma salamandra semelhante à existente no salão nobre do Palace Hotel do Buçaco, tinha o teto em estuque à Belle Époque e estava ligado ao salão cujas paredes eram revestidas de belas pinturas. Foi usado em 18 de maio de 1886 por D. Carlos quando veio à Pampilhosa receber a sua noiva, a princesa D. Amélia de Orleães e posteriormente nas suas viagens pela Beira ou quando se deslocava para o Buçaco.

Em 21/07/1907, pernoitou no Chalet o Infante D. Afonso, vindo de Condeixa e em 31/07/1910, passou D. Manuel II em direção do Luso para fazer termas.

Todo este passado glorioso, não impediu o abandono do edifício nem a ruína parcial. Foi adquirido em 2017 pela Câmara Municipal da Mealhada que adjudicou recentemente a empreitada de reabilitação.

Saudamos esta notícia com a esperança que seja extensível a outros edifícios no Concelho.

Alice Godinho Rodrigues