
A Junta de Freguesia da Pampilhosa procedeu na manhã do passado domingo, 8 de janeiro, ao descerramento da placa toponimica da Rua Abel da Costa Loureiro, no Canedo, em homenagem ao benemérito e autarca da freguesia da Pampilhosa nas décadas de 20 e 30 do século passado. À cerimónia juntaram-se os descendentes do homenageado - entre os quais Vitor Matos, atual presidente da Junta de Freguesia da Pampilhosa -, Filomena Pinheiro e José Calhoa Morais, vice-presidente e vereador da Câmara Municipal da Mealhada, respetivamente, bem como autarcas da Assembleia Municipal, da Assembleia de Freguesia e, naturalmente, do próprio executivo da Junta de Freguesia.
A cerimónia começou com a intervenção de Vitor Matos, presidente da Junta de Freguesia, que explicou as razões que levaram ao baptismo com o nome de Abel da Costa Loureiro da artéria que, ladeando o campo de jogos da localidade, une a Rua do Campo de Futebol ao Cemitério do Canedo. "Achámos que não faria grande sentido dar-mos o nome de Rua do Cemitério", afirmou Vitor Matos no discurso que reproduzimos em video na galeria multimédia associado a este texto. "Por ser uma figura importante da história da Pampilhosa e do Canedo, por ser proprietário de muitos terrenos nesta zona entendeu-se, com o apoio dos moradores, dar a esta rua o nome de Abel da Costa Loureiro". Vitor Matos, no sentido de salientar os feitos do homenageado procedeu à leitura de um texto por si elaborado e publicado no n.º 29, de Dezembro de 2010, da Revista "Pampilhosa - Uma Terra e um Povo", do GEDEPA da Pampilhosa (página 85 e seguintes).
O descerramento da placa toponímica coube a três do mais velhos descendentes de Abel da Costa Loureiro: Adelaide Loureiro, Silvina Pessoa e Faustino Alves de Matos, auxiliados por Filomena Pinheiro. "Representantes, todos eles, dos três ramos em que se dividiu a família de Abel da Costa Loureiro", salientou o presidente da Junta de Freguesia da Pampilhosa.
Os presentes posaram para a fotografia de família (que se encontra na galeria desta noticia) e rumaram ao cemitério onde homenagearam Abel da Costa Loureiro, na sepultura onde repousam os seus restos mortais juntamente com os do seu filho o Padre Joaquim da Costa Loureiro (1913 - 1989).
A homenagem continuou, num ambiente mais intimista, no almoço que juntou todos os descendentes sobrevivos de Abel da Costa Loureiro e onde foi apresentada a árvore geneológica e outros estudos geneológicos relacionados.
Quem foi Abel da Costa Loureiro?
Filho de Custódio da Costa e de Justina Henriqueta, nasceu no Canedo, em 23 de maio de 1874, e onde viveu durante toda a sua vida. Trabalhou no Caminho de Ferro da Beira Alta, como factor, na Estação da Pampilhosa e casou com Joaquina Alves, com quem teve seis filhos, entre eles, em 1913, o Padre Joaquim Costa Loureiro.
Cedo se notabilizou, nomeadamente como colaborador do jornal "A Madrugada", do republicano Joaquim da Cruz. Em 1860 apadrinhou Abel Godinho, também ele notável pampilhosense. Exerceu, ainda, durante vários anos, as responsabilidades de Louvado do Concelho (perito avaliador de propriedades, funcionando como árbitro em conflitos nomeado pela comunidade).
O exercício de responsabilidades autárquicas começa, para Abel da Costa Loureiro, em 1925, quando, a 22 de novembro, foi eleito vereador da Câmara Municipal da Mealhada, cargo que exerceria até 1928. Já desde 1928 e até 1931 integrou - com Manuel Dias e Guilherme Ferreira da Silva - a Comissão Administrativa da Freguesia da Pampilhosa. Em setembro de 1930 foi subscritor da proposta e solicitação de elevação da Pampilhosa à categoria de vila, estatuto que só viria a ser reconhecido aos pampilhosenses em junho de 1985 (cinquenta e cinco anos depois).
A vida autárquica de Abel Costa Loureiro, no entanto, ficaria interrompida em julho de 1931 quando se demite do cargo que exercia na comissão administrativa da freguesia pelo facto de a Câmara Municipal da Mealhada, na altura presidida pelo Padre António Antunes Breda, de forma categórica contrariar as exigências da população em relação à benefeciação do Mercado da Pampilhosa.
A vida cívica de Abel da Costa Loureiro não ficaria no entanto, por isso prejudicada. Na década de 40 do século passado integrou o grupo de fundadores do Grémio da Lavoura da Mealhada de que viria a ser o sócio número 1. Noputro campo, saliente-se o facto de a Escola Primária do Canedo funcionou na sua residência até à construção do edificio atual, em 1951.
Abel da Costa Loureiro viria a falecer no último dia do ano de 1961, com a provecta idade de 87 anos.
xa0