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Diária

Jovens mealhadenses juntam-se realizam filme “A Ratoeira Portuguesa”


tags: Mealhada, Juventude, Jovens Categorias: Região, Especial, Entrevista quinta, 07 setembro 2023

Lourenço Ligeiro, do Cardal, Manuel Lopes, de São Romão, e Tomás Estarreja, de Ventosa do Bairro, conheceram-se no curso de Multimédia, na Escola Profissional Vasconcellos Lebre e juntaram-se para produzir e realizar um filme.

O filme “A Ratoeira Portuguesa” será estreado no dia 21 de setembro, pelas 21h30 no Cineteatro Messias da Mealhada, tendo já sido aberta uma nova data, para o dia seguinte à mesma hora.

Tomás, Manuel e Lourenço, em entrevista ao Jornal da Mealhada, contaram como surgiu a ideia de criar o filme, quais foram os maiores desafios e as peripécias mais memoráveis.

 

Porque é que decidem esse curso?

Lourenço Ligeiro (LL): Eu comecei o décimo ano em Ciências e Tecnologias, passado uma semana percebi que não era para mim. Acabei por escolher multimédia, porque não sabia bem o que havia de escolher e fazer.

Manuel Lopes (ML): Na altura, eu sabia que a área das Ciências e Humanidades não era para mim, e na altura tinha a ideia de querer ser Youtuber, então lembrei-me de que fazendo multimédia, que tem fotografia e vídeo, termino o secundário. O António, que também participou no filme, estava indeciso, não sabia se escolheria ciências ou um curso profissional. Acabámos por entrar na EPVL e foi onde os conheci aos dois.  Foi por esse motivo que ingressei no curso de Multimédia, por gostar da área de vídeo e de fotografia.

Tomás Estarreja (TE): A mim foi mais ou menos a mesma coisa que o Manuel, estava indeciso, gostava da área de fotografia e de vídeo.

 

Como é que era a disciplina ou módulo preferido?

TE: Era sempre a parte mais técnica, ou com a Professora Ana Mannarino ou com a Professora Cláudia, nas disciplinas ou módulos em que mexíamos nas câmaras e em computadores.

ML: Onde usávamos o Photoshop, e editávamos vídeos. Um dos módulos que mais gostei foi no que fizemos uma curta-metragem, esse foi muito divertido.

TE: Muito do gosto e da ideia do nosso filme veio das aulas e de muitos trabalhos que nós tivemos na escola.

ML: Num desses módulos tivemos que fazer uma curta-metragem, eu e o Lourenço, na curta-metragem que fizemos juntos, descobrimos a personagem que nós recriamos no filme. Agarramos na personagem e no jeito do Tomás Estarreja saber editar e filmar e juntámos tudo e tentamos criar uma envolvência à volta disso.

 

Qual foi o papel de cada um na realização e produção deste filme? E como é que dividiram responsabilidades?

LL: Nós os três somos o cérebro do filme. Planeamos o roteiro e a logística toda por detrás do filme. O Tomás fez a parte da edição e da gravação. Eu e o Manuel fomos os atores.

TE: O roteiro fomos nós que íamos escrevendo, nós e, uma pessoa que foi muito fulcral, amigo Tomás Alves, que nos ajudou em muitas das coisas.  

 

Como surgiu a ideia de realizar um filme?

ML: Logo que acabamos as aulas, no final do 12.º ano, em 2022, nós somos muito de nos lembrar de fazer coisas do nada, acabamos por resolver fazer um filme.

TE: Nas curtas que íamos fazendo na escola, íamos pedindo feedback às pessoas e toda a gente gostava e queria ver mais. Por isso, decidimos pegar nas curtas e fazer uma versão mais longa e com melhor qualidade.

 

Já tivemos a oportunidade de ver o trailer? Mas há quem não tenha visto, do que trata o filme?

ML: Trata de uma personagem Luís Merenda, que sou eu que o interpreto, que acaba de fazer 18 anos e os pais o querem expulsar de casa. Acontece que Luís tem de arranjar maneira de fazer dinheiro e tem um amigo que lhe dá o conselho de falar com o seu tio. Ou seja, Luís vai pedir trabalho ao seu tio, que supostamente é um empresário de sucesso, mas que se comprova que é um mafioso. O tio dá-lhe trabalho na firma, e Luís perde o dinheiro de uma das entregas que ele teve que fazer. O filme decorre com as peripécias do Luís tentar recuperar o dinheiro do tio. Na demanda de recuperar o dinheiro, Luís conhece a personagem do Lourenço.  

 

Qual foi a inspiração por trás do filme? Quais foram os motivou que fizeram começar esse projeto?

LL: Como o Manuel já explicou, a personagem Luís veio de uma curta que fizemos na escola.

TE: Todo o filme tem aquela estética de “Balas e Bolinhos”, que foi a principal inspiração, não só humor como as personagens foram inspirados nesse filme.

 

Como foi o processo de criação do roteiro?

LL: O roteiro não foi todo escrito de uma só vez. Nós chegamos a escrever o roteiro um dia antes das gravações, foi um roteiro meio improvisado.

TE: Isso porque nenhum de nós é profissional nem a escrever, nem a atuar, nem a gravar. Portanto, foi tudo muito difícil para nós, porque nós nunca tínhamos feito um filme desta produção.

 

Há algum desafio que gostasse de mencionar relativamente à escrita do roteiro?

LL: A comédia, é muito difícil fazer uma pessoa rir.

ML: Porque, lá está, não somos comediantes e estávamos a fazer um filme de comédia. Acho que falo por todos, nós adoramos o filme e rimo-nos mesmo das piadas, mas temos medo que as pessoas não achem o mesmo que nós.

TE: Nós fizemos uma coisa, há mais de um mês, que foi juntar quatro pessoas que não tinham acompanhado o processo para dar opinião, e a opinião foi boa. E ajudou-nos a dar pequenos ajustes.

 

Como é que selecionaram o elenco?

LL: Quando estávamos a planear o filme, tivemos algumas ideias de que personagens queríamos, após termos os atores, acontecia as pessoas desmarcarem…

TE: Essa foi uma das nossas maiores dificuldades. Gerir as pessoas foi a nossa maior dificuldade. O elenco principal é o Lourenço e o Manuel, o Paulo Júlio, dono Taskalarica, que faz de tio de Luís Merenda, estes atores foram pensados ao detalhe, estes foram escolhidos a dedo.

ML: Quando fomos fazer isto já sabíamos que queríamos o Lourenço, eu, o Paulo Júlio e o Andy Scotch, foram as personagens que tinham de estar no filme.

 

Qual foi o orçamento para o filme e como é que o financiaram?

LL: O orçamento saiu do nosso bolso, sem qualquer tipo de apoio. Se fizermos uma estimativa não chega a 500 euros.

TE: Tivemos apenas o apoio para a divulgação do filme, outdoors e flyers, que foi a “Adoro Idiotas”, que nos ajudou nessa parte.

ML: Os 500 euros foram para o microfone, máquina de fumo, roupas e adereços.

 

Houve momentos em que vocês pensaram desistir do projeto?

LL: A primeira vez que ponderamos fazer o filme foi no verão de 2022. Entretanto, acabamos por perder a vontade de fazer.

TE: Foram esses desafios da logística inicial, de escrever, de arranjar as pessoas, etc., que foi muito difícil no início. Na primeira vez, que nós tentamos fazer um filme que era uma história completamente diferente, nós cancelamos.

Nós cancelamos o primeiro filme no verão de 2022. Voltámos mais ou menos, em janeiro deste ano, depois começamos a escrever as primeiras ideias e as primeiras gravações foram feitas em março, e terminamos agora em agosto. As gravações foram de março até agosto e íamos fazendo a edição entre as gravações.

 

Como foi a experiência de dirigir atores/ vossos amigos?  

LL: Nós pensamos nas pessoas que poderiam vir para o filme, e sempre que íamos gravar dávamos indicações para os orientar.

TE: Estar a dar indicações a uma pessoa que não atua normalmente é difícil. Essa foi das partes mais difíceis, porque nenhum sabe representar.

 

Como é que lidaram com as questões de distribuição e promoção do filme?

TE: A única ajuda que tivemos foi na publicidade física, tudo o resto somos nós que fazemos e essa é uma das razões para o filme só estar no Cineteatro Messias, porque não temos a ajuda de uma distribuidora para levar nos a vários cinemas. Temos de agradecer à Câmara Municipal da Mealhada, que foi a nossa distribuidora local, e que permitiu que o filme estivesse no Cineteatro, e que permitiu que gravássemos na Quinta do Murtal.

 

Vocês têm planos para futuros projetos cinematográficos?

LL: Daqui a uns anos, quando tivermos investimento para fazer.

TE: Este filme é o primeiro de uma trilogia. Ele vai acabar com uma continuação, portanto, haverão mais filmes, mas não temos datas, daqui a uns anos. Este filme foi muito amador. Nos próximos queremos fazer coisas mais a sério, com um bom investimento.

 

Quais foram as maiores realizações e os momentos mais memoráveis durante a jornada de fazer esse filme?

LL: Nós temos uma cena a subir o Bussaco numa vespa, a meio da subida a mota fica sem gasolina.

ML: E no filme, nós tínhamos mesmo que fazer a cena que a mota tinha de ficar sem combustível e ela fica mesmo (entre risos).

LL: Depois foi uma trabalheira, porque tivemos de ir às bombas a Luso.

TE: Há uma cena num acampamento em que tivemos de fingir que eles foram à caça e a personagem do Manuel vem com um frango morto, pendurado. Depois o frango começou a cheirar muito mal e começaram a vir muitas moscas, foi muito chato, mas muito engraçado. A imagem dele a vir com o frango é hilariante.

ML: Quando fomos buscar o frango, o único requisito que eu pedi no talho ao senhor foi para não cortar nem patas, nem a cabeça. A primeira coisa que o senhor faz é cortar a cabeça (entre risos)… E eu a pensar, a única que coisa que eu pedi, porque queria que parecesse mesmo um frango.

LL: Temos uma cena, numa das salas da EPVL, aquela porta nunca fechava e acabamos por ficar trancados lá dentro. Tivemos algumas tentativas de arrombamentos, foi chato.

 

Vocês tiveram que superar algum obstáculo inesperado durante a produção? Como lidaram com isso?

LL: Ui, tantos.

TE: Obstáculos são esses que aconteciam em gravação…

ML: Gravamos certas cenas com o microfone e quando fomos ver, estava a fazer interferência com o áudio, ou seja, as gravações foram todas para o lixo.

TE: Essas em cena, as técnicas, no fundo todas as de logística.

ML: Essa foi a pior, todos se queriam envolver no filme, mas quando chegava a hora de gravar, ninguém se queria dar ao trabalho de gravar. Foi um bocado chato.

 

O que esperam alcançar com o filme? Qual é o impacto que desejam que ele tenha?

LL: Um milhão de euros (entre risos).

ML: O filme serve para alegrar a Mealhada.

LL: Nós sentimos que na Mealhada parece que não se passa nada. Nós vimos tentar remediar a situação, pelo menos durante um mês ou dois, termos assunto ou tema de conversa.

TE: A nossa ideia nunca foi fazer dinheiro com o filme, nunca foi nada disso. A ideia principal sempre foi fazer uma coisa fixe, que as pessoas gostassem de ver, e que no fundo ficasse para a história da Mealhada.

ML: E é fixe termos um filme no Cineteatro

TE: A cena fixe de fazermos um filme foi pô-lo físico, com outdoors, nós sempre gostamos de, na escola, ver o nosso trabalho físico, as pessoas verem e gostarem. 

LL: E depois é aquele pensamento, o que é que tu fazes? Eu fiz um filme.

 

Há alguma cena ou momento específico do filme que seja particularmente significativo para vocês? Por quê?

TE: Uma das curtas que nós fizemos na escola foi para à disciplina de História e Cultura das Artes, da Professora Maria João e ela gostava sempre dos nossos trabalhos, ria-se sempre muito deles.

ML: E foi num dos trabalhos que tivemos para ela que tínhamos de falar sobre um quadro de história, em que o Tomás fez uma curta do género dos Peaky Blinders, que foi um sucesso, mas não falaram do trabalho, ou seja, receberam negativa embora toda a turma tenha adorado.

TE: E eu lembro-me de a professora ter adorado, mas de dizer “não vos posso dar boa nota” … Ela gostava muito de nós não fazermos o mesmo que os outros, gostava que fizéssemos coisas diferentes dos outros.

ML: Ela de certeza que teria gostado do nosso filme, e nós adorávamos, que ela estivesse connosco no Cineteatro…

TE: Mas Infelizmente, não é possível.

 

Vocês têm algum conselho para outros jovens cineastas que desejam iniciar seus próprios projetos?

TE: Façam, comecem…

LL: Escolham bem as pessoas que vos vão acompanhar, planeiem o que querem fazer.

ML: Estipulem bem o papel das personagens principais, estipulem o que querem fazer das outras personagens. Pesquisem no YouTube.

 

Querem deixar uma mensagem?

Um abraço e um beijinho para as Professoras Paula e Ana Mannarino.

Um apelo para adquirirem bilhetes para a segunda sessão, no dia 22 de setembro, às 21h30, no Cineteatro Messias.

Venham ver o filme, vai ser uma noite muito fixe e muito divertida.

Um agradecimento às pessoas no geral, pelo reconhecimento e incentivos, que nos têm feito chegar.