Entre promessas e fé: peregrinos caminham até ao Santuário de Fátima

Todos os anos, milhares de peregrinos percorrem a pé centenas de quilómetros até ao Santuário de Fátima, movidos por promessas e muita fé. Entre eles, um grupo de mais de 500 pessoas da Associação Nossa Senhora dos Remédios – Obra do Bem Fazer de Paredes, iniciou no passado dia 5 de maio a sua caminhada rumo a Fátima, com chegada prevista para a tarde de 10 de maio. Ao longo de seis dias, percorrem entre 40 a 50 quilómetros diários, parando para repouso e refeições em pontos previamente definidos, como o parque junto à Igreja da Mealhada.
Luís Almeida, tesoureiro da Associação e responsável pela complexa logística da peregrinação, destaca o envolvimento de uma equipa com cerca de 115 pessoas no apoio ao grupo. “Temos mais de 50 pessoas na cozinha, cerca de 30 na área da enfermagem, e a maioria são voluntários”, revela, sublinhando o esforço coletivo que torna possível esta caminhada espiritual.
Entre os muitos peregrinos está Sónia Peixoto, que participa pela quarta vez. A motivação começou com uma promessa, mas foi além disso: “Vim por promessa, depois por agradecimento, e também pelos laços que se criam entre o grupo. Aqui há união.” Sobre a chegada a Fátima, Sónia é categórica: “É um sentimento inexplicável. Depois de tantas horas a caminhar, não sentimos dores — sentimos alegria por termos cumprido mais uma peregrinação.”
Fernando Costa, que caminha ao lado da esposa, partilha um sentimento semelhante. Já é a terceira vez que se junta à caminhada, movido exclusivamente pela fé. “Esta peregrinação é uma aprendizagem. Em cada caminhada aprendo algo novo, é uma experiência de vida. Cada vez que chego a Fátima fico orgulhoso por ter cumprido mais uma etapa.”
A acompanhar os peregrinos estão diversos profissionais de saúde voluntários. Cristiana Oliveira, enfermeira e voluntária da Associação desde 2013, revela que este ano têm surgido muitas queixas de dores musculares e bolhas. Ainda assim, afirma que não trocaria esta experiência por nada: “A força e a união vivida entre o grupo são indescritíveis.”
Paula Machado, podologista voluntária, reforça esta ideia enquanto trata de “flictenas” — nome técnico para as bolhas que afetam muitos peregrinos. “Este é normalmente o problema mais frequente durante a caminhada”, explica.
Nesta noite, o grupo repousa em Coimbra, antes de retomar o caminho às 5h30 da manhã do dia 9 de maio, com destino a Pombal, numa nova etapa de uma jornada marcada pela fé, pela solidariedade e pelo espírito de missão.
Os peregrinos da Associação Nossa Senhora dos Remédios caminham movidos pela fé, pela gratidão, pelas promessas e pela esperança. São seis dias de esforço físico e entrega espiritual, onde o cansaço dá lugar à superação, e as dores se dissolvem na alegria de chegar ao Santuário de Fátima.