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Diária

Aires Martins faz relato sobre o que aconteceu no dia 19 de Junho, no stand de autocaravanas em Carqueijo.


Categorias: Região quarta, 18 julho 2012

Ao abrigo do Direito de Resposta consagrado na lei, recebemos de Aires Martins, pai de Adriano Barata Martins, vítima de homicidio no dia 19 de junho, no Carqueijo, um pedido de correção e reposição da verdade relativamente ao que foi por nós noticiado sobre o assunto na nossa edição online. De acordo com a lei, aqui fazemos - no mesmo local e com o mesmo destaque - a publicação do que nos foi enviado. No entanto, e porque o assunto é suficientemente melindroso para o tratarmos com cuidado, publicámos, também, na edição impressa o texto que nos foi enviado por Aires Martins, no inicio da tarde de dia 17 de julho.

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Aires Martins, vem por este meio solicitar que sejam corrigidas as informações publicadas no Jornal da Mealhada do dia 20 de Junho de 2012.

Direito de Resposta

Resposta de Aires Martins a notícia do Jornal da Mealhada

Direito de resposta de Aires Martins ao artigo "Homicidio seguido de suicidio ainda aflige população", que o Jornal da Mealhada publicou no dia 19 de Junho de 2012.

A notícia publicada no passado dia 19/06/2012 no site Jornal da Mealhada

http://www.jornaldamealhada.com/noticias/show.aspx?idioma=pt&idcont=859&title=homicidio-seguido-de-suicidio-no-carqueijo

com o título "Homicidio seguido de suicídio na Mealhada com contornos passionais", respeitante aos acontecimentos ocorridos no dia 19 de Junho no stand de autocaravanas de Aires Martins, padece de diversas incorrecções e inexactidões atingindo a reputação de Aires Martins.

As referidas incorrecções e inexactidões poderiam ter sido evitadas caso Aires Martins, ou alguém próximo, tivesse sido contactado para apresentar a sua versão dos factos, como seria exigível a qualquer jornalista e a qualquer publicação. Sendo o respeito pelo contraditório uma regra deontológica essencial no exercício do Jornalismo (art.1º do Cód. Deontológico).

Põe-se a hipótese de o alvo do homicida ser, exactamente, Aires Martins.

Adriano Barata Martins e Aires Martins tinham sido ameaçados de morte por Pedro Antunes ("Michel"), a 13 de Junho, na Polícia Judiciária de Coimbra foi apresentada queixa.

Ao homicidio e suicidio assistiu Aires Martins, o dono do stand e pai de Adriano, que a tempo se pôs em fuga.

Aires Martins não fugiu. Michel, depois de ter alvejado Adriano, lutou com Aires e caiu inconsciente. Apesar dos pedidos de socorro de Aires Martins, ninguém apareceu, sem ajuda saiu do stand pelo portão e só regressou depois de ter conseguido ajuda. Nessa altura já Michel se tinha suicidado.

Apesar de facilmente verificáveis, estes boatos que se tornaram notícia lesam gravemente a reputação de Aires Martins e demonstram um desrespeito pela família. Estes lamentáveis equívocos são frequentes num jornalismo que na pressa de publicar, esquece o rigor que lhe é exigido.

Junto com esta carta enviamos para vosso conhecimento e possível publicação, o relato dos factos ocorridos a 19 de Junho.

Agora que foram dados a conhecer os dados que motivaram este Direito de Resposta, aguarda-se publicação ocupando o mesmo espaço que a notícia que lhe deu origem.

Aires Martins

(identificado nos termos da lei)

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Aires Martins faz relato sobre o que aconteceu no dia do crime

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Aires Martins vem por este meio apresentar o relato do que aconteceu no dia 19 de Junho, no stand de autocaravanas em Carqueijo.

Quanto aos factos publicados importa esclarecer o que sucedeu no dia 19 de Junho.

Legítima defesa termina com duas mortes

Naquela tarde Adriano Barata Martins e o pai Aires Martins estavam na zona mais afastada do portão do stand, fazendo reparações numa autocaravana. Adriano no interior da autocaravana e Airesxa0 na rua, à porta da autocaravana, a falar com ele, entretanto Adriano viu Pedro Antunes, conhecido por Michel, a dirigir-se para eles, trazia um saco preto que tinha ido buscar ao restaurante Manuel do Castiço.

Quando Adriano o viu foi na direcção dele e apercebeu-se que no saco estava uma arma. Michel tentou tirar a arma do saco, Aires exa0 Adriano correram para agarrar o saco, iniciou-se uma luta e Adriano conseguiu tirar a arma, de seguida defendeu-se dando com a coronha da arma várias vezes na cabeça do agressor, Aires dava pontapés e murros em Michel. A dado momento, Michel consegue segurar a coronha da arma e disparar dois tiros, um acerta no peito de Adriano que cai, e apesar de gravemente ferido ainda se consegue levantar algumas vezes. O pai estava a cerca de meio metro e ficou com a camisa suja de sangue.

Pai nunca saltou a vedação, nem fugiu

Depois dos primeiros disparos, Aires Martins pede ajuda mas ninguém responde. Michel continua a lutar com ele, terão estado vários minutos em confronto. Foi nessa luta que Aires ficou sem óculos, com alguns dentes partidos e uma perna ferida, tendo sido posteriormente assistido no Hospital da Misericórdia da Mealhada. Lutaram até junto do escritório do stand, Michel caiu prostrado no chão, por estar já muito ferido na cabeça. Nesse momento Aires pegou na arma e tentou disparar,xa0 mas não tinha balas.

Aires Martins olhou para o filho, ferido no chão, e saiu do stand com o telemóvel na mão em busca de ajuda, não conseguia desbloquear e ver os números para ligar o 112. Nunca saltou a vedação.

Ninguém respondeu aos pedidos de socorro

Aires estava sem óculos e não conseguia desbloquear o telemóvel para ligar o 112, a caminho do restaurante Manuel do Castiço encontrou uma senhora e pediu ajuda, ao vê-lo com sangue na camisa a senhora ficou em pânico e sem reacção.

Nesse momento decide ir em direcção à estrada e mandava parar os carros, alguém o reconheceu e parou, Paulo (filho do Sr. José Eduardo, de Casal Comba). Entretanto Michel recupera fisicamente e recarrega a arma, ouvem-se dois tiros, um seria provavelmente para Aires porque o invólucro foi encontrado à saída do portão, o outro tiro foi para o homicida cometer suicídio.

Depois de conseguir auxílio para o filho, Aires Martins volta ao stand e encontra Adriano ainda com vida. O filho pede-lhe água, mas apenas toca com os lábios na água e diz que não quer mais.

Nessa altura há uma ambulância a passar e pára, nela seguia uma bombeira amiga do Adriano. Quando chega junto dele pergunta-lhe se a reconhece, diz que não, já não vê.

Entre os primeiros disparos e o pedido de ajuda passaram mais de quinze minutos, quando chegou o INEM, Adriano ainda estava vivo, mas não foi possível socorrê-lo.

Ao contrário do que se disse e escreveu, Aires Martins nunca se abraçou ao filho morto, o sangue na camisa resultou da projecção do sangue de Adriano, do tiro que o vitimou.

Burocracia e desvalorização das queixas fez falhar Justiça

No final há algumas questões não exploradas pelos jornais. A principal é a lentidão da Justiça num caso em que houve ameaças directas e consecutivas à família de Fátima Barata e Aires Martins. No dia 13 de Junho foi apresentada queixa na Polícia Judiciária de Coimbra, baseada em diversas mensagens recebidas no telemóvel, alertando para o risco de vida de alguém próximo: "vou tirar o que tu mais prezas na vida", lia-se na mensagem enviada por Michel para o telemóvel de Fátima Barata. Não se conhecem medidas que pudessem evitar o que aconteceu.

As mensagens continuaram ameaçadoras e no Domingo (17 de Junho) que antecedeu o homicídio, Michel esteve no exterior da casa da família Martins, como prova a mensagem que descreve que o homicídio só não aconteceu naquele dia por mero acaso, Aires Martins terá entrado na sala a dizer para Adriano ir para a cama, quando o filho estava deitado a dormir no sofá e na televisão estava a dar um programa com Luciana Abreu. Pouco depois o telemóvel de Fátima Barata recebia outra mensagem de Michel, "vou-te tirar os dois". Foi esta sequência de mensagens que levou Fátima Barata a tentar apresentar queixa na GNR de Cantanhede (por estar a residir em casa da mãe, S. Caetano - Cantanhede), a PJ de Coimbra tinha dito que deveria apresentar queixa na GNR se houvesse mais ameaças.

No dia 18, Segunda-feira, de manhã, na GNR de Cantanhede, Fátima Barata quis apresentar queixa e não aceitaram por não terem tempo, estavam com muitos processos, pediram que voltasse no dia seguinte. No dia 19, às 9h30 voltou e não aceitaram a queixa, porque já estava na PJ de Coimbra e o processo iria para o Tribunal da Mealhada.

No dia 22-06-2012, alguns dias depois da morte de Adriano Barata Martins, Fátima Barata apresenta processo contra a GNR de Cantanhede por não terem aceitado as queixas anteriores ao crime.