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O PRIMEIRO HOMEM DO BARRO DA PAMPILHOSA


Categorias: Região sexta, 29 julho 2016

O presente texto inicia uma série de artigos dedicados a Abel Godinho Lopes Carreira, que foi o primeiro farmacêutico da Pampilhosa. Estudou na Universidade de Coimbra, tendo obtido o respetivo diploma em 1883. Era filho de Francisco Godinho, o primeiro boticário da vila. Lopes Carreira abriu a sua farmácia na atual Rua da República. Faleceu em 1944.

É considerado o primeiro “homem do barro” da terra. Criou a Cerâmica Excelsior, conhecida popularmente por Fábrica Navarro, que durante várias décadas se manteve em laboração, muito tendo contribuído para o desenvolvimento industrial da Pampilhosa e para a promoção social das suas gentes.

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Com este trabalho pretende-se evocar a memória de alguém que viveu as causas da iniciativa e do progresso numa luta incansável pela valorização da sua terra. A importante obra realizada fica para o futuro como um marco indelével da história da Pampilhosa.

O grande escritor Paul Valéry escreveu: “O passado não é o que foi, mas apenas o que subsiste daquilo que foi: vestígios e lembranças”.

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Alice Godinho Rodrigues

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I - OS AVÓS DOS NOSSOS AVÓS

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Retrocedemos até 1860, dia 9 do mês de abril, e vamos comemorar o nascimento de Abel Godinho Lopes Carreira. Filho legítimo do boticário da Pampilhosa, Francisco Godinho, e de Maria Joaquina, ambos dessa terra. Era neto paterno de José Francisco Godinho e de Mariana da Conceição e materno de Francisco Lopes Carreira e Ana Maria Joaquina.

Aos 18 dias de abril foi batizado na igreja paroquial da Pampilhosa pelo padre Francisco Rodrigues, pároco encomendado da mesma freguesia. Foi padrinho João Loureiro, casado, lavrador da Pampilhosa, e madrinha Maria Godinho, moradora no lugar do Travasso, freguesia da Vacariça . São muitos os parentes ligados ao Travasso, cujos nomes desapareceram com o rodar dos tempos.

Francisco Godinho possuía a botica na rua principal da Pampilhosa, onde se encontrava sua casa de habitação que lhe fora vendida por António dos Santos Barrocas. Era dos poucos pampilhosenses que não era analfabeto. Encontrámos documentos (escrituras de vendas de propriedades e outros), que somente tinham a sua assinatura. Poucos sabiam assinar documentos.

A botica normalmente fechava a altas horas da noite. Consistia num laboratório farmacêutico onde se compunham, conservavam e vendiam drogas simples e se preparavam medicamentos compostos com plantas medicinais “Eu me via na feyra, ribeyra, na botica, na tenda, na taverna, no açougue, em casa do pasteleiro e na confeitaria” .

Se a origem social dos mágicos era humilde, o mesmo não se poderá afirmar de todos os seus clientes. As clientelas dos mágicos eram maioritariamente pessoas do nível social deles, de baixa condição, portanto, mas o poder de atração de seus serviços não se confinava aos sectores mais humildes. Entre os “grandes” também havia quem os consultasse. Os seus atos também eram procurados por muitos membros do clero, da aristocracia e até do partido médico.

Francisco Godinho, cujo único filho era Abel Godinho Lopes Carreira, fez com que este passasse a dirigir-se para Coimbra com a finalidade de tirar o Curso de Farmácia, algo de que ele não tinha tido possibilidade.

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1 - A certidão de batismo foi passada em 20 de agosto de 1883 pelo pároco Manuel Francisco Lindo de Barros.

2 - Francisco Manuel de Mello, “Apólogos Dialogais”.