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Diária

´Que o espírito do 25 de Abril nunca morra´


Categorias: Região sexta, 28 abril 2017

A Mealhada assinalou os 43 anos do 25 de Abril com uma sessão solene da Assembleia Municipal, uma cerimónia que contou com a visão de três jovens que já nasceram em democracia.

Os três jovens das escolas secundária e profissional do concelho foram os primeiros a intervir numa sessão carregada de simbolismo. Mariana, aluna da Escola Secundária da Mealhada, falou sobre uma sociedade contra a acomodação, contra a xenofobia, a homofobia e a corrupção. Por seu turno, Lourenço e Virgílio, alunos moçambicanos que estudam na Escola Profissional Vasconcellos Lebre, relembraram que o 25 de Abril não foi só para o povo português, mas também para as colónias, sendo um ponto de partida para parcerias, como a que possibilita que estudem em Portugal, e a união dos povos.

As cerimónias incluíram o hastear da bandeira nacional ao som do hino nacional, pela Filarmónica Lyra Barcoucense, uma largada de pombos, pelo Grupo Columbófilo da Mealhada, a deposição de uma coroa de flores junto ao monumento aos mortos em combate no concelho e a exibição de um filme alusivo à Revolução dos Cravos.

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Isabel Lemos, CDU

Em representação da CDU, Isabel Lemos referiu que escolheu dois direitos: o direito à paz, que considera estar ameaçado por esta ser condição de progresso económico e social, de sobrevivência da própria espécie humana e de manutenção da vida sobre a Terra, e não só a ausência de guerra.

“O outro é o direito à felicidade porque os homens nascem com esse direito. E esse também está ameaçado, como canta Sérgio Godinho. Falta tanto ainda para cumprir Abril. Mas nunca esmoreceremos. Não desistiremos. Hoje e aqui nós queremos ver Abril coragem, Abril esperança”, afirmou.

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Hugo Alves Silva, PSD

“Hoje celebramos a palavra liberdade, mas será que já conquistámos mesmo esse direito? Trouxemos muitas liberdades do 25 de Abril, mas não faltará ainda cumprir esse Abril? Já conhecemos muitas fases do poder autárquico e são sempre as novas gerações que dão o corpo aos cravos”, disse.

A representar o PSD, Hugo Alves Silva disse ainda que não é agora altura de experimentalismos, mas que também não é momento para aquilo que já conhecemos, isto porque somos todos donos do destino do país e concelho. Terminou dizendo que vale a pena sair à rua e dar o corpo aos cravos, ou até mesmo às balas.

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Arminda Martins, PS

O PS fez-se representar por Arminda Martins, também vereadora do executivo, que interveio dizendo que uma democracia só sobrevive se todos os cidadãos participarem de forma honesta e ativa na discussão e decisão dos assuntos que dizem respeito ao bem comum e à comunidade, e que esta participação não é só nos palcos políticos mas também junto das nossas famílias, associações ou junto de amigos.

“Que cada um de nós nunca esqueça nem deixe de relembrar ou ensinar que a liberdade significa responsabilidade e que a liberdade de cada um de nós acaba quando começa a do outro. Viver em democracia é termos a possibilidade de nos exprimir de forma livre”, disse.

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Guilherme Duarte, vice-presidente da autarquia

Em representação do presidente, que se encontrava ausente, Guilherme Duarte, vice-presidente da Câmara Municipal da Mealhada, disse que atualmente nos referíamos a uma geração que nunca conheceu outro regime que não o democrático e, por isso, que é uma geração que reconhece e respeita os valores de Abril.

“Os jovens também sentem as dificuldades do presente”, concluiu.

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Daniela Esteves, presidente da Assembleia Municipal

A sessão da Assembleia Municipal, que decorreu no Salão Nobre dos Paços do Município, foi encerrada por Daniela Esteves, a presidente deste órgão, que salientou o facto de haver jovens na Assembleia ser uma novidade, pois o facto de termos ouvido os seus testemunhos faz, segundo a própria, com que o espírito não morra e para que, dentro de anos, este não seja mais um feriado.

“Que nunca deixemos de comemorar Abril. Devemos testemunhar o 25 de Abril todos os anos, porque temos um país onde há lugar para todas as opiniões. O 25 de Abril é, antes de mais, um valor, ou um conjunto de valores. É isto que vos peço: que não seja apenas mais um texto nos livros de história, nem que a sua celebração seja só para os políticos. Saiam daqui com vontade de exercer a liberdade. Que o espírito do 25 de Abril nunca morra”, concluiu.