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Cordão umbilical pode travar progressão da diabetes


Categorias: Região sexta, 28 abril 2017

Um grupo de investigadores pretende iniciar um ensaio clínico para comprovar a segurança e eficácia da utilização de células T reguladoras (células específicas do sistema imunitário), expandidas a partir de sangue do cordão umbilical, como potencial tratamento preventivo e, eventualmente, curativo da Diabetes Tipo 1.

A intenção surge após resultados favoráveis obtidos num estudo piloto em 15 crianças diagnosticadas com Diabetes Tipo 1, infundidas com o próprio sangue do seu cordão umbilical, um procedimento totalmente seguro e que demonstrou um efeito favorável na progressão da doença, apesar de as crianças terem continuado dependentes da administração de insulina. Os investigadores pretendem, agora, avaliar a segurança e eficácia da administração de células T reguladoras, extraídas a partir de sangue do cordão umbilical previamente criopreservado, enquanto terapia celular capaz de equilibrar o sistema imunitário e suprimir a destruição das células produtoras de insulina.

“Na continuidade do ensaio piloto, um estudo mais recente indica que é possível gerar e expandir em quantidade suficiente de células T reguladoras, sem que percam as suas características originais. A administração destas células, provenientes do sangue do cordão umbilical, numa fase precoce da doença, poderá impedir a progressão da Diabetes Tipo 1 e tornar os pacientes livres da administração de insulina. Os resultados positivos da investigação revelam o potencial das células T reguladoras, que têm a capacidade de regular a resposta autoimune característica da Diabetes Tipo 1, podendo significar uma verdadeira revolução terapêutica”, explica Bruna Moreira, Investigadora na área das células estaminais.

A Diabetes Tipo 1 é uma doença autoimune, causada pela destruição de células beta do pâncreas, produtoras de insulina. Esta destruição conduz ao défice permanente de insulina no organismo, deixando os pacientes cronicamente dependentes da administração de insulina, que apenas melhora os sintomas, não curando a doença. Para tratar a Diabetes Tipo 1 é necessário parar a destruição das células produtoras de insulina e promover a sobrevivência e ativação destas células.

Em 2015, segundo dados do Sistema Nacional de Saúde, a Diabetes Tipo 1 atingiu 3.327 indivíduos com idades entre os 0-19 anos, o que corresponde a 0,16% da população portuguesa neste escalão etário, número que se tem mantido estável nos últimos anos.