ABIMOTA quer voltar a colocar Águeda como capital da bicicleta

Falta menos de um mês para o arranque da 38.ª edição do Grande Prémio ABIMOTA. A etapa inaugural vai para a estrada dia 15 de junho, com partida de Proença-a-Nova. João Miranda, Presidente da Direção da ABIMOTA – Associação Nacional das Indústrias de Duas Rodas, Ferragens, Mobiliário e Afins, fala da importância de uma das provas mais antigas de Portugal, que traz vida e cor às terras do interior, uma corrida com oito camisolas oficiais, conferindo-lhe o título da prova com maior número de camisolas em disputa no país.
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1 – Como nasceu o Grande Prémio ABIMOTA (GPA), através desta associação empresarial de âmbito nacional?
Nasceu como forma de promover as empresas associadas. Todas colaboravam e participavam no GPA fazendo a festa do setor das duas rodas. Hoje a ABIMOTA já tem outros setores, mas naquela altura era só bicicletas e motorizadas. A prova surge numa altura em que se vivia, maioritariamente, do mercado nacional. Daí a importância de fazer publicidade e criar ações de marketing.
2 – Porque se realiza esta prova e continua a realizar já lá vão 37 anos?
Porque é uma prova que dá notoriedade à associação e por uma questão de prestígio para a ABIMOTA. Naturalmente também se realiza pelas ações de marketing que proporciona e que ajudam a fortalecer o setor e a imagem da própria ABIMOTA. Há anos em que a prova tem crescido mais do que outros, mas pelo menos tem-se mantido, sempre com o esforço dos seus associados e patrocinadores. O GPA não tem efeitos lucrativos, sendo a nossa meta fazer sempre o melhor possível com os meios de que dispomos e que adquirimos dos associados e intervenientes.
3 – O GPA é um ex-líbris da associação? Porque é tão importante para a ABIMOTA?
É importante porque é um marco e uma montra que mostra quem são os associados, quem são as pessoas que também fazem parte desta associação, que tem de dar-se a conhecer ao seu público-alvo. Só assim podemos aumentar o número de associados, demonstrando os nossos serviços e ao mesmo tempo aproveitando o ciclismo para publicitar. É uma forma de dar a possibilidade aos nossos associados de estarmos todos, em conjunto, a realizar o marketing necessário para promover as marcas que estão connosco.
4 – O que representa esta prova nos dias de hoje?
Representa o esforço de todos os envolvidos, desde ABIMOTA, associados, colaboradores, patrocinadores, municípios e ainda o esforço e a crença de todos. Sem este esforço a prova já não existia há muito tempo, porque envolve uma logística que leva tempo e o problema aqui é que sendo financiada pelos próprios associados e pelas pessoas que estão envolvidas, nunca sabemos ao certo os meios com que contamos para decidir o que vamos fazer. É tudo na base das projeções e muitas vezes elas só chegam no último mês, o que faz com que o trabalho duplique ou até triplique.
5 – A importância do GPA é fulcral para o setor das duas rodas?
Sim, sem dúvida. Principalmente pela imagem e notoriedade que traz ao setor. Em causa está uma das provas mais antigas do ciclismo em Portugal. Mais antiga só mesmo a Volta a Portugal e a Volta ao Algarve. Entretanto nasceram outras provas que, devido ao potencial financeiro, estão mais na moda do que a nossa sendo uma das razões que nos leva a querer crescer. Este ano já vamos fazer quatro dias e, devagarinho, pode ser que para o próximo venham os cinco, ou seis. Esta é uma das provas mais consolidadas no país porque foi sempre muito coerente e a única ligada diretamente às duas rodas, que é a ABIMOTA, distinguindo-se de todas as que atualmente vão para a estrada.
6 – E para o setor do Turismo?
É uma alavanca em termos de Turismo sobretudo para o interior, fazendo crescer essas pequenas e grandes cidades. Temos optado, nos últimos anos, por realizar as etapas pelas regiões mais interiores, porque de certa forma são sítios onde já temos histórico, boas relações com os locais e com as autarquias. É uma forma de trazer mais vida a estas regiões, com gentes que gostam de ciclismo. O ciclismo é o único desporto que passa, efetivamente, à porta das pessoas. E, em algumas localidades, é o grande evento do ano a passagem de uma prova de ciclismo. Em termos de staff, organização, patrocinadores e comunicação social são dormidas e refeições para 100 pessoas, sem contar as equipas, sendo que aqui falamos de mais de 200 pessoas, o que gera um movimento local que envolve o comércio, sendo muito importante para os municípios que recebem a prova, quer na véspera como no próprio dia, porque há sempre gente a circular, a comer, a dormir, acabando por ser o evento do ano em alguns locais. Além disso há a visibilidade do próprio município nos meios de comunicação social e nas pessoas que o visitam. Nós passamos e é uma festa. A etapa inaugural arranca a 15 de junho, em Proença-a-Nova e depois a prova prossegue por Belmonte, Penamacor, Sabugal, Almeida, Manteigas e Gouveia, terminando com a etapa da consagração em Águeda, para cumprir a tradição.
7 – São muitas as novidades para os quatro dias de prova?
Esta edição conta com a PT Empresas como patrocinador principal da prova, um fator muito importante em termos de notoriedade e financiamento. Quanto às camisolas, vamos manter as oito. Somos a única prova no país que tem tantas camisolas em disputa. As restantes novidades serão divulgadas na Apresentação Oficial, no dia 5 de junho.
8 – O GPA ajuda a colocar Águeda como capital da bicicleta?
É uma realidade. O GPA quer voltar a colocar Águeda como capital da bicicleta, que já o foi no passado. Entretanto com a crise que se sentiu no setor começou a fabricar, com a sua versatilidade e imaginação, outros produtos para outros setores. Hoje, com a bicicleta na moda e a sua exportação, sabemos que nos países europeus o setor está a crescer bastante e as empresas do passado, que trabalhavam no ramo, estão a investir cada vez mais. Com esse investimento e o esforço de todos, com o conhecimento de clientes estrangeiros, de pessoas do setor que têm trazido para cá muito investimento internacional, é possível voltarmos a alcançar esse patamar. Pelo menos com estes investimentos passamos a ser, na minha opinião, a capital ou se não for a capital Águeda que seja o país a capital da bicicleta europeia, porque está tudo a ser feito cá. Na Europa fabricam-se muito poucos componentes de bicicletas, é tudo importado da China. Mas Águeda está a criar um conjunto de condições que traz muitos clientes e empresas de topo a visitar Portugal e a ficar com o nosso país na mira para um possível investimento.
9 – Estando o setor das duas rodas a viver este momento de relançamento e a ABIMOTA surgindo como um dos atores nas políticas de mobilidade suave ao nível da representação industrial, o vosso projeto Portugal Bike Value (PBV) vem provar isso? O futuro passa por aqui?
Sem dúvida. O PBV não é só um projeto, é uma marca registada da ABIMOTA que tem dois projetos: um de promoção do setor, que não promove diretamente as empresas e outro de internacionalização, que tem como objetivo levar algumas empresas a eventos de promoção internacionais, e que de outra forma não iriam devido aos custos acrescidos. Mas em conjunto conseguem ir com a ABIMOTA. São duas vertentes sobre a bandeira do projeto e da marca, financiadas por fundos comunitários a 85% e a 50%, respetivamente. Com a marca a consolidar-se deve ser mantida esta aposta e investir nela. Trata-se de um sistema de circuito fechado: a ABIMOTA promove o PBV, as empresas investem na bicicleta, a ABIMOTA arranja associados e faz testes laboratoriais (LEA) para as bicicletas e outras valências. Quanto mais crescerem os nossos clientes, mais cresce a ABIMOTA junto com eles. Ganhamos todos e essencialmente o país, que quanto mais exportador for mais ganha.
10 – Faça um breve balanço do mandato que iniciou em setembro do ano passado. O que mudou e o que foi feito até aqui?
Temos mais alguns associados este ano e estamos a angariar mais. Para já atingimos a centena, sendo no total 102 associados distribuídos pelo país. Estamos também a levar a cabo alguns protocolos com o Conselho Empresarial da Região de Aveiro para os serviços do nosso laboratório, que é a principal fonte de receita da ABIMOTA, que vive praticamente só das receitas do laboratório, tornando-a uma associação autossustentável.