
No passado dia 20 de maio assinalou-se o Dia Nacional de Luta Contra a Obesidade. Este ano não podemos de deixar de dar ênfase à obesidade infantil. O excesso de peso e a obesidade estão a atingir níveis preocupantes nas crianças, em Portugal. O país está no top 5 da obesidade infantil, logo a seguir aos países do mediterrâneo como Grécia, Itália, Espanha e Malta. Cerca de 30% das crianças em Portugal têm excesso de peso ou obesidade.
Recentemente a Organização Mundial de Saúde apresentou em relatório que analisa as principais tendências da obesidade infantil em 12 anos (2002-2014) para a Europa. Neste documento foram veiculados dados preocupantes sobre esta doença. O alarme soou.
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Segundo a OMS:
- Um em cada dez rapazes de 11 anos é obeso;
- Tanto os rapazes como as raparigas portuguesas tendem a alimentar-se pior com a idade (dos 11 para os 15 anos);
- As crianças e adolescentes portugueses estão a comer menos vegetais e menos fruta;
- Em 12 anos, os decréscimos nos consumos de frutas e legumes por rapazes e raparigas foram significativos em cinco países: Grécia, Israel, Malta, Polónia e Portugal.
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Enquanto os pais não perceberam que ter peso a mais do que o normal é uma “pré-doença” (excesso de peso) ou uma “doença” (obesidade), dificilmente nós, nutricionistas, vamos conseguir atuar. As crianças necessitam de quem controle a sua alimentação e, fundamentalmente, necessitam de aprender a distinguir um bom alimento de um alimento mau, para que possam decidir, em consciência, o que ingerir.
Associado a uma má alimentação o mesmo relatório alerta para os dados da prática desportiva. De realçar o grupo das raparigas de 15 anos, que é o menos fisicamente ativo de todos os países incluídos no estudo, com uma prevalência de apenas 6% das que fazem exercício. A atividade física tende a baixar com a idade dos 11 para os 15 anos, tanto nos rapazes como nas raparigas, e sempre abaixo da média dos países do estudo.
Pensar que, ao crescer, a criança dilui o peso em excesso é um erro muito comum na população portuguesa que deve ser esclarecido. É entre os 6 e os 10 anos onde se observa a maior prevalência da obesidade infantil e, quando não foi possível prevenir esta doença, quanto mais cedo a tratarmos e mudarmos os hábitos maior será o sucesso.
Conclui-se que para além dos dados da prevalência estarem a piorar, as crianças não estão só a ganhar maus hábitos, estão também a perder os bons. As políticas de intervenção estão a falhar e cabe-nos a cada um de nós ajudar as crianças a comerem melhor.
As crianças saudáveis de hoje, serão os adultos saudáveis de amanhã.
Maria João Campos
Nutricionista - ON 2119N