Diretor: 
João Pega
Periodicidade: 
Diária

Mealhada esteve representada em Jornadas da Museologia


Categorias: Região quarta, 31 maio 2017

No passado dia 08 de maio realizaram-se as IV Jornadas – Museologia nas Misericórdias em Albufeira. À SCMM foi feito o convite para participar no painel «Realidade nas Misericórdias: testemunhos de boas práticas». Neste sentido, Cláudia Emanuel, responsável pelo departamento de património, deu a conhecer o espaço museológico da Capela de Santa Ana – Espaço de Memórias da Capela de Sant’Ana.

A apresentação, numa primeira abordagem, remeteu para os sabores da Mealhada – para o leitão, a chanfana, o pão de ló, iguarias presentes à mesa de todos por altura das festas de Santa Ana. Remeteu ainda para o alecrim e o rosmaninho, que o nosso sentido olfativo não deixa esquecer e que são cheiros que predominam nessa altura.

A julho de 2016 comemoraram-se os 300 anos da (re)edificação da Capela e a cidade engalanou-se com 300 mil flores de papel. A população saiu à rua e foi com emoção que viu passar a sua Senhora Santa Ana. No seguimento das comemorações, a SCMM realizou obras na antiga arrecadação da Capela e reabilitou-a de forma a torná-la num espaço aprazível e utilitário.

O espólio da Capela, em uso durante os séculos pelos diversos párocos em funções, foi salvaguardado no dito espaço. Na verdade, mais do que um espaço museológico, trata-se de um espaço de memórias, e foi justamente esse o nome, ou melhor, a nomenclatura escolhida para aquele espaço – Espaço de memórias da Capela de Sant’Ana.

Pretende-se com este espaço dar a conhecer e valorizar o património religioso que é, numa primeira abordagem dos mealhadenses, mas sobretudo preservar as suas memórias dos tempos idos. Só após o seu conhecimento e valorização é possível salvaguardar este espólio que, na realidade, é de todos nós.

A opção de exposição recaiu sobre os antigos confessionários, também eles peças museológicas que remetem às lembranças de todos. Também o móvel que servia na antiga arrecadação para guardar objetos diversificados foi recuperado e do mesmo modo serve hoje de móvel expositor.

Do espólio exposto fazem parte as cadeiras genuflexórias, as promessas de cera que nos remetem de imediato para os momentos de aflição, as túnicas, as estolas, os turíbulos, umbela, jarras de altar, mortalhas, espólio documental como livros de contas e faturas, um memorando de instituições testamentárias, os objetos relacionados com o altar e sobretudo com o momento da consagração – cálice, patena, píxide - entre muitos outros.

Para além das alfaias e paramentos litúrgicos estão expostas as esculturas sagradas que ainda hoje são veneradas por muitos fiéis. Deste núcleo expositivo fazem parte duas Santas Mães representando Santa Ana com a Virgem Maria e o Menino Jesus ao colo, outrora veneradas e designadas pela população simplesmente de «Santa Ana». Ambas as esculturas são policromas, uma em pedra calcária com data atribuível ao século XV, e outro em madeira com data atribuível ao século XVII/XVIII.

Também Santa Rita de Cássia, a santa das causas impossíveis e Santa Teresa de Ávila, padroeira dos professores, fazem parte das esculturas expostas, assim como uma imagem da Virgem com o Menino que segura na mão esquerda o mundo, indicativo de Salvador do Mundo, provavelmente do Séc. XVII. Ambas as esculturas são em pedra calcária policromada. Foi visualizada ainda uma imagem de S. Benedito, padroeiro dos cozinheiros, ou não houvesse na Mealhada tantos restaurantes e respetivos cozinheiros.

A apresentação terminou com o convite à assistência, a maioria representantes das diversas misericórdias de Portugal, para visitarem o Espaço de Memórias da Capela de Sant’Ana para também ele passar a fazer parte das suas memórias e com um obrigado pelo convite feito pela União das Misericórdias de Portugal à SCMM para participar nas IV Jornadas.