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Aprovação do apoio ao Rally Legends Luso Bussaco 2019 foi discutida em reunião de câmara


tags: Política, Executivo, LusoClássicos Categorias: Região quarta, 17 abril 2019

A discussão foi literal e opôs os membros do executivo e o Clube LusoClássicos, na última sessão da reunião de câmara, realizada nos passos do concelho, no passado dia 8 de abril. Depois de uma troca de comunicados entre o LusoClássicos e a autarquia, iniciada a 24 de março com o anúncio do cancelamento da prova Rampa Histórica Luso Bussaco 2019, por parte do clube lusense, a reunião de câmara foi o momento e o local escolhido para esclarecer o motivo que esteve por trás dessa decisão, reprovada por Rui Marqueiro, presidente da Câmara Municipal da Mealhada. Feito o esclarecimento, o executivo acabou por aprovar o apoio de 15 mil euros ao Rally Legends, agendado para os dias 13, 14 e 15 de setembro de 2019.

O executivo havia deliberado a atribuição de 10 mil euros para a realização da Rampa Histórica Luso Bussaco, agendada para maio deste ano, e de 5 mil para ajudar a custear a participação de um piloto internacional no Rally Legends Luso Bussaco, prevista para setembro. Entretanto, o Clube LusoClássicos, entidade organizadora das provas, cancelou a primeira, solicitando à autarquia que canalizasse a totalidade do valor aprovado para as duas provas, para o Rally Legends. À autarquia o clube deu um prazo de resposta ao pedido até dia 31 de março, no entanto, o comunicado que deu conta do cancelamento da prova foi visto com “surpresa” pela autarquia, tendo sido publicado a 24 do mesmo mês.

No último comunicado, o Clube LusoClássicos disse não compreender a reação da autarquia, atendendo a que já haviam dado conta intenção de cancelar a prova: “o Clube LusoClássicos remeteu para o Município da Mealhada um e-mail datado de 12 de março de 2019, com a informação de que seria difícil, novamente, avançar com a edição da Rampa Histórica”. Neste mesmo comunicado, a entidade organizadora da prova automobilística refere: “nestes últimos anos as dificuldades têm sido acrescidas e foi efetivamente necessário criar reforço financeiro pessoal para garantir a solidez, credibilidade e continuidade dos eventos”, motivo pelo qual acabaram por solicitar a concentração do apoio da edilidade na realização do Rally Legends Luso Bussaco.

“Houve um crescimento exponencial de participantes e de público, o que implica mais custos”, Hugo Oliveira, membro do Clube LusoClássicos

Hugo Oliveira, membro do Clube LusoClássicos, reiterou o que foi divulgado em comunicado, dizendo que em 2018 a autarquia também concedeu 15 mil euros de apoio, valor que se manifestou insuficiente: “houve um crescimento exponencial de participantes e de público, o que implica mais custos a nível logístico, nomeadamente, com a Federação (Portuguesa de Automobilismo e Karting), seguros, licenças e com a GNR (Guarda Nacional Republicana)”. Realidade que Hugo Oliveira diz ter reportado com antecedência ao executivo no ano transato: “em junho ou julho de 2018 enviámos uma carta a questionar sobre a possibilidade de apoio às provas por parte da autarquia e a resposta que recebemos foi que o orçamento só seria debatido em momento próprio, no final do ano”.

“Os nossos eventos cresceram muito a nível nacional”, garante Hugo Oliveira, que faz também referência à presença de um membro da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK) nas provas que realizam.

Relativamente à Rampa História Luso Bussaco, Hugo Oliveira explicou, inclusivamente, que “hoje em dia o comandante (da Guarda Nacional Republicana) não nos deixa ter três ou quatro polícias em curvas mais complicadas, na entrada e saída da Mata (do Bussaco) e no centro da vila”, sendo precisos mais reforços, necessidade que também se regista no âmbito do apoio logístico, “precisamos de mais pessoas para ajudar na logística do evento, o que representa mais custos com licenças e seguros”.

“Não me conseguem convencer do motivo que levou ao cancelamento da primeira prova”, Rui Marqueiro, presidente da Câmara Municipal da Mealhada

De acordo com Hugo Oliveira, a única razão para o cancelamento da rampa tem que ver com “questões orçamentais”, mas Rui Marqueiro, presidente da Câmara Municipal da Mealhada afirma: “não me conseguem convencer do motivo que levou ao cancelamento da primeira prova”. Para o autarca, a cancelar um evento “seria sempre o segundo e nunca o primeiro”, revelando que o que entende como verdadeiro argumento é o facto de no mesmo fim-de semana estar agendado o Rally Mortágua: “vocês assumiram que não iam ter sucesso e cancelaram”.

Face à afirmação de Rui Marqueiro Tony Luís, também membro do Clube LusoClássicos, exaltou-se e rejeitou o argumento do autarca e afirmou: “pura mentira”, solicitando que a sua resposta ficasse em ata da reunião de câmara. O edil exigiu que o membro do clube saísse da reunião, solicitando a respetiva denúncia ao Ministério Público por ter “perturbado a sessão”.

Hugo Oliveira afirmou: “nós não tínhamos conhecimento do Rally Mortágua, mas uma Rampa não colide com um Rally”. O membro da organização da prova esclarece ainda que o que os levou a fazer o comunicado a 24 de março teve que ver com “os contactos feitos por vários participantes”. Além disso, Hugo Oliveira explica: “temos que indicar três possibilidades de datas em janeiro à Federação, para que possa conjugar o calendário das provas e não sobrepor provas no mesmo dia e no mesmo distrito, ou seja, se as provas se sobrepusessem a Federação não aprovaria”. “Não lhe custa mais a si do que a nós o cancelamento da prova”, afirmou Hugo Silva perante a incredulidade demonstrada por Rui Marqueiro face aos argumentos expostos.

“O Legends deixou de ser um Rally e passou a ser um festival de motorshow”, Diogo Ribeiro, membro do Clube LusoClássicos

Sobre o Rally Legends, no âmbito da discussão da aprovação do apoio de 15 mil euros para a prova agendada para os dias 13, 14 e 15 de setembro, Rui Marqueiro questionou os membros do clube presentes na reunião sobre a razão que está por trás do aumento do valor do orçamento de 2018 para 2019, constatando que “de um orçamento de 31.800 euros, em 2018, com 40 participantes, passaram para 53.400 euros, este ano, com uma estimativa de 35 inscrições”.

Diogo Ribeiro, também membro do clube, começa por esclarecer: “o Legends deixou de ser um Rally e passou a ser um festival de motorshow, um pouco à semelhança do Caramulo Motorfestival”. Nesse sentido, e depois da FPAK ter exigido o aumento de dois para três dias de prova, Diogo Ribeiro reiterou o aumento de despesas e de licenças necessárias, nomeadamente “para permitir que os veículos antigos possam correr neste âmbito”. Acrescido a estes fatores, Diogo Ribeiro justificou também a discrepância de valores com a procura de uma parceria “para a criação do Troféu Rally Legends 2020”.

Em relação ao número de participantes referidos por Rui Marqueiro, Diogo Ribeiro esclarece que os primeiros números avançados são uma estimativa, uma vez que têm que enviar informação para a federação: “o ano passado tivemos mais inscritos do que os 40, participaram 60, e este ano esperamos duplicar as 35 inscrições”.

Por fim, o executivo anuiu atribuir o apoio de 15 mil euros ao Clube LusoClássicos, porém Hugo Silva, vereador da coligação “Juntos pelo Concelho da Mealhada” lamentou “a ausência de informação” no âmbito da primeira aprovação. O líder da Coligação considerou ainda que “do ponto de vista público, estes são eventos como poucos, que encaixam no ambiente histórico que queremos recuperar no Luso”.