Rui Marqueiro acusado de elevar “ruínas” do Bussaco a Monumento Nacional
“Parabéns ao senhor presidente por ter conseguido elevar ruínas a Monumento Nacional, admira-me como é que o Presidente da República promulgou esse decreto sobre a Mata do Bussaco”. Foi desta forma que Raúl Simões Aguiar se dirigiu a Rui Marqueiro, no período destinado à intervenção do público, na última sessão ordinária da Assembleia Municipal da Mealhada do dia 27 de fevereiro, realizada na Escola Profissional Vasconcellos Lebre.
O ex-dirigente da Junta de Turismo do Luso/Buçaco e membro na primeira administração da Fundação Mata do Bussacoxa0fez uma exposição sobre o estado de degradação e abandono em que se encontram alguns edifícios daquele espaço, como as antigas ermidas, os passos da Via Sacra, o Chalé de Santa Teresa ou a casa do Ponto das Lapas.
“Os telhados não são limpos, muitas telhas já caíram, há ermidas cobertas de lixo e dá ideia que a administração desconhece isto”, disse Raúl Simões Aguiar, alertando também para o facto de existirem “azulejos danificados há vários anos que nunca foram repostos”. “Parece que não há martelo nem pregos na Fundação Mata do Bussaco para arranjar o que quer que seja, está a pedir-se ao vandalismo para entrar”, acrescentou.
O munícipe referiu a empreitada de requalificação da Mata Nacional do Bussaco, uma obra orçada em um milhão de euros que vai recuperar o Convento de Santa Cruz e as Capelas dos Passos e da Via-Sacra, como “um passo em frente para melhorar a situação”, mas afirmou que ficará “admirado se se fizer a recuperação com apenas um milhão de euros”.
Sobre a candidatura da Mata Nacional do Bussaco a património da UNESCO, Raúl Simões Aguiar lembrou que, já em 2004, “a mata foi proposta a essa designação, mas pediam tanta coisa, tantas obras, que eu acho difícil que isso aconteça agora”.
Por seu lado, o presidente da Câmara, Rui Marqueiro, respondeu que “tudo o que aqui falou está a ser tratado neste momento. Vamos recuperar o Convento, muitas ermidas vão ser reparadas e tenho pena que, no tempo em que esteve na gestão da Mata, não o tenha conseguido fazer. Eu sei que custa muito ouvir isto, mas vão ter que me aturar”.
Rui Marqueiro esclareceu que “nenhum membro da Câmara pertence aos órgãos da Fundação Mata do Bussaco e que existe mais do que um ministério com responsabilidade na gestão do espaço, o que dificulta qualquer intervenção autónoma da autarquia”. O edil chegou mesmo a chamar Raúl Simões Aguiar de “ignorante”. “O senhor não sabe o que diz, garanto-lhe que a Mata vai ser recuperada como merece”, concluiu.