Utentes querem Extensão de Saúde da Vacariça a funcionar todos os dias
Cerca de meia centena de pessoas esteve esta manhã a manifestar-se, à porta do Centro de Saúde da Mealhada, contra o funcionamento em apenas três dias da semana da Extensão de Saúde da Vacariça. Os utentes queixam-se que o serviço de saúde, que serve atualmente cerca de três mil pessoas e funciona no edifício da Casa do Povo da Vacariça, só está aberto três dias por semana, às segundas, quartas e sextas.
Nas terças e quintas, as pessoas têm de se deslocar à Extensão da Pampilhosa ou ao Centro de Saúde da Mealhada para poderem ter consulta ou serem vistas pelo médico. No entanto, a grande maioria dos utentes são idosos, com poucos recursos financeiros, sem possibilidade de se deslocar com facilidade.
“Reivindicamos o que sempre tivemos, a Vacariça é uma freguesia com bastante população e sempre tivemos médico todos os dias”, diz Ilídio Lopes, utente residente na Vacariça. “Nos últimos tempos, desde há dois anos para cá, começámos a notar falhas no serviço, ou era o médico que não vinha umas vezes, outras vezes não havia pessoal administrativo”.
Na semana passada, um grupo de utentes juntou-se e “esgotou” o livro de reclamações da extensão de saúde. “Desde que a dr. Ana Ernesto foi promovida a coordenadora do Centro de Saúde da Mealhada, temos vindo a ser penalizados”, afirma Ilídio Lopes. Ana Ernesto é a atual coordenadora da Unidade de Cuidados de Saúde Partilhados (UCSP) da Mealhada.
Numa carta enviada aos utentes, em resposta à exposição do problema, o diretor executivo do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Baixo Mondego, Carlos Alberto Ordens, lamentou os constrangimentos verificados e informou que, “com a entrada de um novo médico a 1 de março do presente ano, compete à Exma. Sra. Coordenadora da UCSP, a reorganização dos horários”.
No entanto, os utentes denunciaram que o médico foi colocado há um ano naquela extensão de saúde, mas só no início deste mês é que começou a exercer efetivamente funções naquele serviço. Até então, vinha-se verificando uma “rotatividade” de profissionais, que não era bem-recebida pelas pessoas.
Cerca de uma hora após o início do protesto, a coordenadora do Centro de Saúde e a assistente social receberam um grupo de quatro utentes para dar conta da situação. Após a reunião, os manifestantes receberam a informação de que, até ao final do ano, a extensão de saúde da Vacariça voltaria a funcionar todos os dias de semana. Uma das pessoas expressou mesmo a sua indignação, dizendo que “nesse caso, ninguém poderá ficar doente até ao final do ano”.
Ana Melo, uma das representantes dos utentes na reunião, transmitiu que, de acordo com a coordenadora da UCSP, “está a haver uma restruturação das unidades de saúde e, por isso, tem havido constrangimentos no serviço. A extensão de saúde só pode funcionar se houver um médico, um enfermeiro e um administrativo. E, neste momento, a enfermeira não está disponível às terças e quintas porque vai para Coimbra fazer enfermagem ocupacional”.
Gabriela Peralta, outra das utentes que participou na reunião, afirmou que “isto nunca nos foi dito, só hoje ao fim de dois anos é que foi dada esta explicação. Agora, a dr. Ana Ernesto diz-nos que temos de ir a Coimbra falar com o dr. Carlos Alberto Ordens para lhe pedir que seja colocada uma enfermeira que esteja todos os dias na extensão”.