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4 Maravilhas da Mesa da Mealhada são sinónimo de identidade gastronómica


Categorias: Região quarta, 14 novembro 2018

Água. Pão. Vinho. Leitão. São quatro ícones gastronómicos que unidos compõem as 4 Maravilhas da Mesa da Mealhada. O conceito nasceu em 2007, pela mão do Município da Mealhada e, até hoje, permanece com o intuito de ser marca de referência da oferta gastronómica do concelho. Recentemente, com duas vitórias de âmbito nacional e europeu – o Concurso 7 Maravilhas à Mesa e a Região Gastronómica Europeia 2021 -, o concelho vê catapultado o turismo gastronómico para voos nacionais e internacionais.

Associação Maravilhas da Mealhada junta produtos e produtores

Começou em 2007 o investimento na marca 4 Maravilhas da Mesa da Mealhada, por parte do município. Para gerir a marca foi constituída a Associação Maravilhas da Mealhada, cujo presidente é, atualmente, Rui Marqueiro, autarca do Município da Mealhada. Sem estar envolvido no processo de constituição da associação, o autarca disse ao nosso jornal que “a ideia foi juntar quatro produtos muito característicos, o leitão; a água, porque a água do Luso é das melhores águas se não mesmo a melhor, com mais fama no contexto nacional e até nalguns pontos internacionais; depois o vinho da Bairrada, que é óbvio que cada vez mais ganha estrutura no mercado pela qualidade, porque os próprios engarrafadores estão cada vez mais a seguir modernas técnicas; e, finalmente, o pão, reconhecido como o melhor para comer um bocadinho de leitão no meio!”. Para além disso, Rui Marqueiro disse ainda que a criação da Associação Maravilhas da Mealhada foi também “uma forma de tentarmos, julgo eu, à data em que se fez, procurar juntar as pessoas à volta da mesa, discutir assuntos comuns, o que não é fácil, porque cada pessoa gosta de ter a sua identidade e cada restaurante gosta de marcar bem a sua posição”.

Sem ter um estudo que comprove o contributo da associação para o desenvolvimento do turismo gastronómico, Rui Marqueiro diz acreditar que “a promoção que o município tem feito, começando pela marca 4 Maravilhas, na BTL (Bolsa Turismo Lisboa), na FIL (Feira Internacional de Lisboa), no Encontro com Vinhos e Encontro com Sabores, nos sítios onde nos temos apresentado, tem alguma influência porque por aí procuramos chamar pessoas”, nomeadamente através da realização de sorteios cujo prémio é a atribuição de “vouchers com refeições gratuitas nos restaurantes do concelho”.

A gastronomia é a identidade do concelho

Assumindo a função de promotora da qualidade e autenticidade dos produtos gastronómicos, Rui Marqueiro entende que é também feita a divulgação “da identidade do concelho”.

“Quando se fala do leitão da Bairrada a principal atração será a Mealhada, poderá haver outros municípios onde haja leitão, mas nunca com uma incidência tão forte como na Mealhada”, diz Rui Marqueiro, que sublinha “a verdade é que chegamos aos restaurantes e se vê que as salas estão cheias. Às vezes tenho mesmo a convicção que se juntam com muita facilidade o almoço e o jantar”.

Número de Produtores Vinícolas é proporcional à dimensão do concelho

Num outro plano, o presidente da Associação Maravilhas da Mealhada faz referência ao elevado número de produtores vinícolas no concelho, “temos um grande produtor, muito conhecido, são as Caves Messias, temos outro, também já com uma produção muito importante na Bairrada e noutras regiões do país, que é a Casa Sarmento, depois temos um produtor na Quinta do Carvalhinho, este mais pequeno, temos também um produtor em Ventosa do Bairro, mas também não é um produtor de grande escala, e agora surgiu um novo produtor, que ainda não está na associação, e que é de Casal Comba (Adega Rama), com o qual temos que tentar falar para ver se ele quer aderir”. No fundo, Rui Marqueiro, afirma que temos um número de produtores vinícolas proporcional à dimensão do concelho, “nós temos os produtores que podemos num município que é pequeno”, considerando que “estamos no caminho da qualidade e da diferenciação de produtos premium e isso, com certeza, que vai trazer rendimentos acrescidos a todos”.

Um dos maiores rendimentos tem que ver com a vitória do concurso 7 Maravilhas à Mesa, difundido a nível nacional pela RTP1. Nesta competição gastronómica, a Mealhada foi “à mesa” com outro município da Bairrada, Cantanhede, numa aliança promovida pela AD ELO (Associação de Desenvolvimento Local da Bairrada e Mondego). A intenção da aliança, tal como explica Rui Marqueiro, foi poder “associar à Bairrada, com o que ela tem de bom, nomeadamente o Leitão, a famosa lampreia de Penacova, o arroz de Montemor-o-Velho, e os peixes da Figueira da Foz e Mira”. Portanto, foram seis os municípios que deram origem à candidatura, da qual saíram vitoriosos.

“Sozinhos ou acompanhados, com os nossos colegas da terra da chanfana” o município irá apresentar novidades para breve

Rui Marqueiro entende que é necessário aproveitar a notoriedade dada pelo concurso transmitido pelo canal de serviço público de televisão, “agora andamos a pensar a possibilidade de fazermos render um pouco o capital que representou essa candidatura e essa visibilidade na televisão em horário nobre” e avança “sozinhos ou acompanhados, com os nossos colegas da terra da chanfana” o município irá apresentar novidades para breve.

À parte de projetos futuros, o autarca regozija-se pela conquista do troféu das 7 Maravilhas à Mesa, o qual ficará para a história do município, constituindo-se como “um momento marcante, assim como foi marcante o prémio que agora ganhou o Rei dos Leitões (Melhor Carta e Serviço Vinhos 2018) no Encontro com Vinhos e Encontro com Sabores, os Garfos de Ouro que estão na Churrasqueira Rocha e também no Rei dos Leitões. Para Rui Marqueiro a atribuição de prémios e distinções é uma forma de “avaliar a qualidade dos nossos restaurantes” dando também prestígio gastronómico à região.

“Nós somos uma região e a Estónia é um país e o facto de ficarmos colocados ao nível de um país é algo que nos enche de satisfação”, Rui Marqueiro, presidente da Associação Maravilhas da Mealhada

Um prestígio que promete ir além-fronteiras com a vitória do título de Região Gastronómica Europeia 2021. Para esta “aventura”, a Mealhada juntou-se aos restantes municípios que compõem a CIM RC (Comunidade Intermunicipal da Região Centro), em parceria com a Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra. Entretanto, em Bruxelas, no passado dia 8 de outubro a CIM RC ficou a saber que tinha ganho o distintivo a par com a Estónia, algo que para Rui Marqueiro é sinónimo de grande satisfação, “nós somos uma região e a Estónia é um país e o facto de ficarmos colocados ao nível de um país é algo que nos enche de satisfação”. Neste âmbito, o presidente da Associação da Maravilhas da Mealhada, refere que em 2021 “vamos ter, com certeza, uma grande promoção” ao nível do turismo gastronómico, constituindo-se um “momento de afirmação regional e nacional”. Rui Marqueiro refere que todos os municípios envolvidos são chamados a contribuir, nomeadamente, nas visitas que possam vir a ser feitas à região, recordando que a Mealhada já recebeu, no dia 27 de julho deste ano, o júri representante do Instituto de Gastronomia, Cultura, Artes e Turismo – ICGAT, “que almoçou nas Caves Messias, com o patrocínio da Câmara Municipal, sendo que as caves que os receberam puseram à disposição os seus produtos vinícolas, assim como a empresa de catering Eventos serviu uma belíssima refeição, que deu uma imagem muito boa do que é a Bairrada e, particularmente, a Mealhada”.

Atendendo ao facto de que a imagem do concelho é fundida com a do turismo gastronómico, o Jornal da Mealhada questionou Rui Marqueiro sobre o aproveitamento do antigo “19 Café” para estabelecer uma loja de divulgação das 4 Maravilhas da Mealhada, uma intenção que o executivo mealhadense tem vindo a mostrar, mas que até ao momento ainda não foi concretizada.

Destilaria do IVV pode ser a nova morada da loja das Maravilhas da Mealhada

“A infraestrutura do dezanove é muito frágil, como agora se viu (a propósito da passagem do “Leslie”) e o espaço está muito danificado”, disse Rui Marqueiro justificando o facto pelo qual, para já, o projeto não irá avançar. O autarca explicou que o projeto visava “colocar, na parte que está destapada, uma cobertura, para fazer uma sala de receção de prova e venda de vinhos”, no fundo a intenção era fazer “um grande elogio ao vinho, tendo também a capacidade de poder servir cafés, vender artesanato regional, enfim, coisas que melhorassem um pouco a exposição que já temos no posto de turismo sobre as 4 Maravilhas da Mesa da Mealhada”.

Para a reabilitação do antigo “19 Café”, Rui Marqueiro afirma que para já vai ser feita uma candidatura ao Fundo de Emergência Municipal, para reparar os estragos causados pelo furacão “Leslie”. Feitas as reparações, o autarca refere que é intenção do executivo mealhadense “abrir o espaço ao público logo que seja possível e na vertente que ele tinha antigamente”.

De todo o modo, Rui Marqueiro não descarta a hipótese de utilizar a reabilitada Destilaria do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) para promover as 4 Maravilhas da Mesa da Mealhada e, em especial o vinho, “é um edifício muito bonito, que tem potencialidades para a exibição e provas vínicas”, porém, para já, este é um projeto a desenvolver em 2019, sendo que neste momento a divulgação das Maravilhas da Mesa da Mealhada continuará a ser feita no posto de turismo do município.

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Legenda Fotográfica:xa0Celebração da vitória do concurso 7 Maravilhas à Mesa, a 9 de setembro.xa0