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Capela de Santa Ana apresenta o presépio como


Categorias: Região quinta, 13 dezembro 2018

A dia 1 de dezembro os cristãos dão início a um caminho de preparação para o Natal, o designado Advento. Desde essa data, todos os domingos, em cada missa, vão sendo assinaladas quatro “etapas” do Advento até ao dia de Natal. No segundo domingo do Advento, mais propriamente no Dia da Imaculada Conceição, a 8 de dezembro, os cristãos têm por hábito construir o presépio. A Capela de Santa Ana já o tem visível e apresenta-o à comunidade como "símbolo de encontro com Cristo", tal como refere o Padre Rodolfo Leite,xa0capelão da Santa Casa da Misericórdia e pároco nas Paróquias de Barcouço, Casal Comba, Mealhada, Vacariça e Ventosa do Bairro.

O Natal começa a ser vivido muito cedo, nomeadamente nas ruas e nos estabelecimentos comerciais, onde não faltam luzes, músicas de Natal e promoções que incentivam à compra dos presentes para os familiares e amigos. Porém, esse é “um Natal que escraviza”, tal como defende o Padre Rodolfo Leite, contrariamente à mensagem do nascimento de Cristo, que é “o verdadeiro Natal, aquele que liberta”. “A minha questão é esta incapacidade que todos vamos tendo de viver interiormente o Natal. Ficamos esgazeados com a iluminação, com a decoração, até nos queixamos que a decoração não presta, se ela é pouca”, começa por dizer o Padre Rodolfo Leite, que garante que “o Natal tem outro sabor quando o vivemos interiormente”.

Conforme refere o capelão da Santa Casa da Misericórdia, “o Natal deve implicar-me a mim, ao meu estilo de vida, aos meus sentimentos, à minha maneira de pensar e à forma de estar diante dos outros e diante de Deus”, ou seja, “este tempo de Advento é o tempo de olhar para mim e perceber que pessoa sou eu diante de Deus, diante dos outros e quando me olho ao espelho”. De forma concreta, o Padre Rodolfo Leite faz menção ao percurso de preparação para o Natal que as crianças estão a fazer em catequese, para dar exemplo daquilo que considera ser a vivência plena desta época celebrativa, “andamos a falar aos meninos da necessidade de limpar o coração, de o preparar, para os ajudar a perceber que as prendas não cabem no coração; só cabem lá pessoas”, uma caminho que culminará na colocação, junto do presépio, “de um coração de papel, onde estarão escritos nomes de pessoas importantes para as crianças. Porque o coração está cheio das pessoas que amamos e que nos amam, é isso que deve ser oferecido ao menino Jesus”, conclui.

Para o Padre Rodolfo Leite há, então, dois caminhos na vida que nos levam ao presépio, que é um símbolo humanizado do encontro com Cristo, o do encontro connosco e do distanciamento daquilo que somos. No que respeita ao caminho que nos leva ao encontro connosco, o pároco refere-se “a um encontro com a verdade do que somos, para depois fazermos o caminho de sermos o melhor que somos capazes, que é, no fundo, aquilo que Deus nos pede todos os dias e nos conduz à felicidade”. Por outro lado, o caminho que nos distancia do que somos, é aquele que o Padre Rodolfo considera ser o “caminho contrário ao presépio. Aquele que nos leva para os centros comerciais, para as lojas, para os almoços e jantares de Natal, que são muitos bons, mas que são fuga de nós próprios”.

Sabendo que o presépio "conta a história do encontro com Deus e com os outros", algo que está bem patente na Capela de Santa Ana, onde se podem ver figuras de pastores, lavadeiras, músicos, entre outros, a ir ao encontro de Jesus, o Padre Rodolfo Leite apela para a recuperação do significado antropológico do presépio, através do qual “é possível compreendermo-nos como pessoas e ao mundo onde estamos inseridos”. Atualmente, o pároco entende que “cada vez mais o presépio se transformou num objeto de decoração, deixando de ter o significado antropológico e cristão que tem”, e recorda que nele está representada, sobretudo, “a família que Deus escolheu para se tornar visível, palpável e próxima. A Família Sagrada de onde brota o amor. Um amor que não pode ser vivido de forma isolada seja em que família for”, termina.