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Bombeiros Voluntários da Mealhada completam 92 anos de história


tags: Bombeiros, Mealhada Categorias: Região quarta, 24 julho 2019

A Associação dos Bombeiros Voluntários da Mealhada (ABVM) comemora sexta-feira (26 de julho) 92 anos de existência. A festa será “caseira, simples, só para nós”, porque o quartel encontra-se em “obras profundas”, que começaram este mês e se prolongam, previsivelmente, até fevereiro de 2020. Os 509 mil euros – 85% a fundo perdido (Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos) e 15% da Câmara Municipal da Mealhada – estão a ser investidos na parte operacional da associação (central de telecomunicações, camaratas e vestiários). Segundo o comandante Nuno João, as obras nas instalações com 25 anos eram “muito necessárias”.

A ABVM foi fundada a 26 de julho de 1927, tendo como comandante Bernardino Felgueiras. Depois de ocupar espaços provisórios, teve o primeiro quartel no Largo Dr. Costa Simões, lado sul do Jardim Municipal. Em 1942, a associação ocupou o segundo quartel na Rua Eduardo Alves de Matos. A terceira e atual “casa” dos bombeiros, de dimensão e infraestruturas compatíveis com os serviços prestados à comunidade, foi inaugurada a 24 de outubro de 1993.

O atual corpo ativo da ABVM é constituído por 56 elementos: 20 mulheres e 36 homens, com idades compreendidas entre os 18 e os 60 anos de idade. 17 são bombeiros voluntários profissionais; os restantes são voluntários com outras profissões. Esta equipa é responsável essencialmente por quatro áreas: emergência pré-hospitalar, incêndios florestais, incêndios urbanos e busca e salvamento. A ABVM está operacional 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano.

Na opinião de Nuno João, a base das corporações de bombeiros deveria ser profissional, com pelo menos seis elementos em permanência no quartel 24 horas por dia. Os voluntários, que são “uma mais valia enorme” e que “não podem deixar de existir”, complementariam a base. “As corporações de bombeiros fazem proteção civil e trabalho social (transporte de doentes não urgentes) no distrito e fora dele, sempre que é necessário, mas são entidades privadas que dependem de financiamento para exercer a sua atividade”, lamenta o comandante. As verbas são provenientes da Câmara Municipal da Mealhada, “que conhece bem as nossas dificuldades e nos tem ajudado muito”, da Autoridade Nacional de Proteção Civil e dos cerca de três mil sócios. O transporte de doentes não urgentes é também “uma fonte de receitas”, assim como iniciativas organizadas pela associação: “costumamos cantar as janeiras, marcamos presença na Festame – Feira do Município da Mealhada com uma tasquinha gastronómica e fazemos peditórios na rua”. “A proteção civil está dependente de tudo isto”, continua Nuno João, referindo ainda que o dinheiro angariado “faz diferença na proteção dos bombeiros e na qualidade do serviço prestado”. A compra de formação, fardamento, viaturas, entre outros gastos, requer verbas avultadas: “o equipamento de proteção individual em incêndio urbano só para um bombeiro custa 1100 euros. Uma ambulância de socorro representa um custo de pelo menos 50 mil euros. As corporações de bombeiros têm que pagar tudo isto”.

No que toca a incêndios, à semelhança de 2018, 2019 está a ser “um ano relativamente calmo” para a ABVM, mas o alerta da associação é constante: “no ano passado tivemos a tempestade Leslie em outubro”, recorda, destacando que “a época problemática já não é só de junho a setembro. Existem cada vez mais fenómenos meteorológicos extremos, riscos naturais que podem ocorrer em qualquer altura do ano”. Porque “os bombeiros não conseguem estar em todo o lado”, o comandante considera que o apoio da população é “fundamental”. Manter a calma é já “uma grande ajuda”.